sábado, 19 de janeiro de 2013

Santiago por Raphael Luna

Chile Y Vino por Raphael Luna


Nesse ano de 2012 resolviconhecer o Chile, para aproveitar todos os sabores e visuais desse país Andino. Para ir, voei de LANChile, que se provou ser um tom superior à TAM. E me hospedei no hitbrasileiro, o Ibis – mas atenção, fique no Ibis Providencia e não no Centro. Ésério, o local do Ibis Centro é inóspito de noite.

Dica #1: Leve sua câmera fotográfica na mão, pois quando o avião passa por cima das Cordilheiras dos Andes já se está em modo de aterrissagem com o sinal de apertar o cinto aceso, e aí você não terá lindas fotos sobrevoando as Cordilheiras, como eu não tenho para lhes mostrar!

Dia 1 – A viagem, a chegada e o primeiro dia

Chegando ao Chile, não espere achar vinhos chilenos ou mesmo o pisco no Free-Shop de chegada. Só no Free-Shop de saída, onde comprei duas garrafas ótimas de La Joya.

Dica #2: Cuidados com as etiquetas de preços no Free-Shop chileno, pois alguns preços estão em pesos chilenos e podem lhe confundir: você pode gastar até o dobro em Reais se comprar achando que são Dólares!

O Chile, em uma primeira impressão é lindo, limpo, cheio de carros novos nas ruas e com a vista das Cordilheiras ao fundo. Nesse primeiro dia chegamos um pouco mais tarde e após o check-in no Consulado Brasileiro, ops, Ibis (bonito e moderno - um dos melhores da rede), fomos almoçar no Liguria.

Fachada do Ibis Providência

O Bar Liguria (liguria.cl) ao que fomos fica perto da estação do metrô Tobalaba. Indicação esperta do nosso amigo Jotinha, possui ambiente bem agradável, comida a preços excelentes, ótimos vinhos e pertinho do metrô. Do lado de fora, na calçada, comemos ótimos sanduíches, tudo regado com doses gêneros de mostardas variadas importadas. Hum! Para beber, ahn, deixe-me ver: vinho! Para abrir os trabalhos, nada como uma ampola de Leyda Reserva Carmenére.

Dona Beth obliterando um ótimo sanduíche de pescado

Muito bem alimentados no Liguria

Depois de bem alimentados e munido de um providencial mapa da cidade na mão, decidimos voltar andando ao hotel. Andamos por toda a Av. Providência, uma das mais bacanas de Santiago. Voltamos andando da estação do metrô Tobalaba até a estação Manuel Montt, conhecendo a cidade, vendo como os locais se comportavam, batendo papo e vendo várias lojinhas e lojonas (Falabella que é uma megastore já transnacional). Ótimo programa!

Dia 2 – Conhecendo Santiago: Centolla, um pouco do Peru e decepção

Acordamos cedo e formos conhecer a cidade de Santiago. Querendo desbravar mais ainda a cidade e os costumes de Santiago, sugeri que tomássemos o café da manhã numa lojinha do tipo Casa do Pão de Queijo, a Castaño (www.castano.cl). 

Eu havia passado por umas vinte dessas durante o dia anterior e tinha achado tudo muito apetitoso. Saindo do hotel, em parcos 100 metros havia nada mais do que três unidades da Castaño para escolher. Péssima ideia, pois suas refeições não são gostosas. Eu pedi uma empanada de Horno, que a atendente me disso que seria a da carne – ganhei invés disso uma empanada de 25% de carne e restante, de cebola. O suco muito doce em demasia, que é uma característica chilena, me deixou algo enjoado, bem como o café muito fraco. Aliás, já lhes adianto:não espere comer carnes gostosas e suculentas em geral no Chile.

Dica #3: Andando pelas ruas há várias lanchonetes mais bem cuidadas, de estilo como diria um amigo meu. Nelas o café é melhor, as empanadas bem mais gostosas, há sanduíches frescos e o suco não é melado. Evite a todo custo a Castaño.

Depois do café, invés de seguirmos para o centro de Santiago, decidi conhecer primeiro o Cerro San Cristóbal. Isso por uma questão de estratégia: íamos primeiro à ele, depois conhecíamos o centro de Santiago que ficaria no miolo do passeio e na outra extremidade da cidade, terminaríamos com a visita ao Cerro Santa Lucía. 

No Cerro San Cristóbal há um funicular (bonde) que sobe o cerro inteiro, com diversas paradas e é maravilhoso. Porém, como ele estava em reformas fomos de táxi. A vista do cerro é espetacular! Você fica de frente para as Cordilheiras, e pode pagar 10 centavos de peso para usar os mirantes. É lindo, e olha que eu nem cheguei perto da borda por que morro de medo de altura. 

A cidade de Santiago vista de cima do Cerro

Andamos um pouco dentro do parque que é lindo, vimos as paradas do funicular e chegamos aos pés da Virgem Maria, onde há um altar e bancos de pedra para missas católicas (o Chile é um dos países onde o catolicismo é bem presente) que é muito interessante. Como minha é católica e devota de Nossa Senhora ela encarou as escadas e foi vê-la de perto. Eu e a Andrea não: esperamos de baixo mesmo e tiramos algumas fotos.

Pegamos um táxi no topo mesmo e seguimos até os pés do cerro. De lá, tivemos que pegar outro táxi para ir ao centro da cidade. De novo um taxista muito atencioso e engraçado que nos ensinou uns palavrões em castelhano. Ficamos literalmente no centro de Santiago: Plaza das Armas. Lugar bonito, mas igual à todo centro histórico colombino. A única diferença é que é bem limpo. Ah, peça informações para conhecer a La Pica do Clinton, mas eu não vou contar o que é agora!

O Centro é muito interessante. Passamos pelo La Moneda, andamos por todo o centro, porém não conseguimos visitar os principais museus, mas eles estavam todos fechados. Decepção é a palavra.

Vista principal da Plaza das Armas

Allende em toda a sua glória.

Andamos por todo o centro, vagueamos pelas ruas, tomei uma Inca Cola em homenagem à todos os peruanos que habitam o centro e fomos almoçar no Mercado Central e cumprir esse quase obrigatório programa.

Nada como uma "deliciosa" Inca Cola

O Mercado é uma muvuca, tem apenas uma banca de legumes e frutas. É até chato andar pelos corredores, pois você é quase agarrado pelo braço pelos garçons. Escolhemos o mais tradicional: Donde Augusto. Provei o meu primeiro Pisco Sour da viagem, e dividimos em três um peixe com molho branco de vieiras, mexilhões, camarões e lagostim além de uma Centolla Média. Ótima pedida: forre o estômago com o peixe e depois prove a Centolla, pois vem pouco mesmo comprando a grande. O peixe merece uma nota 9, mas a Centolla é bem nota 7: esfria rápido, é fibrosa e não tão saborosa.

Entrada do enorme Donde Augusto, que toma conta de grande parte do mercado

Você pesca, você come

Mas vale para uma primeira vez – tire suas fotos segurando a Centolla, ria, brinque e guarde na lembrança. 

Alimentados, voltamos ao turismo. Andamos o restinho de centro e chegamos ao Cerro Santa Lucia. Bonito, alto, e bem interessante. Feito pelos ingleses e por presidiários, com o dinheiro da Liga Católica Feminina há um bom tempo atrás. Casais de namorados sentados esperando o pôr do sol, um belo museu da imagem no topo e uma ótima vista: imperdível.


Panorâmico que leva da rua ao Santa Lucia


Namore também no Santa Lucia


Dia 3 – Concha Y Toro do Brasil

Marcamos um táxi no dia anterior, e por módicos 20 dólares, fomos à minha maior fonte de expectativa nessa viagem: a vinícola Conha Y Toro.

Dica #4: Se você for de manhã para a Concha Y Toro, não vá de metrô, pois ele é muito cheio. Um táxi não é tão caro e lhe dá o maior conforto e segurança.


Chegando a Concha Y Toro

Chegamos à Concha Y Toro 5 minutos antes do nosso tour. Escolhermos o Tour Marques de Casa Concha, que é imperdível. Por 9 mil pesos chilenos à mais (por volta de 36 reais), além do tour normal onde já se degusta dois vinhos, você tem direito à uma degustação guiada de cortes distintos do Marques de Casa Concha com uma enóloga especializada além de uma tábua de queijos para acompanhar muito gostosa.

A Concha Y Toro possui a excelência plena em tours, sendo que ele é mais assemelhando a um show. Informativo, interessante, engraçado e claro, cheio de brasileiros. Repleto, afinal só haviam brasileiros durante o tour.

 Vinhedo demostração da Concha Y Toro

El Diablo!

Queijos e vinhos do tour Marques de Casa Concha



Depois do tour normal, quem pagou pelo Marques de Casa Concha é chamado orgulhosamente para um salão especial onde ocorre a degustação. Espetacular! Quando acabamos a nossa degustação, fomos até o pátio central e íamos terminar nossos queijos lá mesmo, mas decidimos almoçar. E que almoço! Repetimos o mesmo prato os três: Talharim com molho branco, frutos do mar e Merkén, que é uma pimenta chilena. 

Para beber, fui de vinho em taça: primeiro, uma taça de Marques de Casa Concha Chardonnay, um taça de Reserva Privada Sauvignon Blanc, uma taça de Casillero Rosé (eu sei, mas eu precisava provar!) e para terminar uma módica tacinha de Almaviva sei lá que ano, por 120 reais.

Eu queria um letreiro desses aqui no restaurante perto de casa

Ótimo almoço no restaurante da Conha Y Toro


Sobremesa, café e compras. A lojinha interna é muito interessante, mas os preços são em média dois mil pesos chilenos mais caros que o restante das lojas. Compras mesmo assim! Voltamos de táxi até o metrô, e de metrô chegamos ao hotel. Não sei, mas acho que o maravilhoso Almaviva me deixou um pouco alto: dormi o resto do dia e só acordei no dia seguinte!


Dia 4 – De Martino e Undurraga: Chile, um país de contrastes

Lendo o livro Guia de Vinícolas - Chile do Flávio Faria que o Jotinha emprestou-me, resolvi arriscar uma visita a uma vinícola não muito famosa: De Martino (www.demartino.cl). Combinei com um guia muito bacana, Oscar Herrera (necesitotaxi@gmail.com), que me pegou na porta do hotel numa van bem novinha e me levou para essa vinícola. 

Analisando o solo da De Martino


Degustação espetacular da De Martino

A De Martino é uma vinícola biodinâmica que faz vinhos de se beber ajoelhado. Fechei do Brasil uma visita guiada com direito à posterior almoço na reserva da família. A vinícola é linda, a enóloga – Maria – parece uma menininha de 15 anos mas é um verdadeira expert em vinhos e produção biodinâmica.

De Martino fazendo vinho em ânforas como os romanos

Conhecemos a vinícola, cada etapa do processo e depois fomos degustar. Degustei uvas até então desconhecidas para mim como a Carignam – e me viciei! A degustação é incrível, muito bem conduzida e deliciosa. Como diria meu amigo Jotinha, só bebi coisa boa.

Após a degustação, ainda havia o almoço que eu havia agendado do Brasil: entrada, prato principal e sobremesa, além de mais vinhos da casa!


Reserva da família De Martino

Perfeito: almocei no meio da adega da família. Entrada eram vieiras gratinadas, de prato principal peixe com lagostas e camarão, mousse de chocolate de sobremesa além de café e petit-fours finais. Muito bom! Na saída, mais compras e um posterior arrependimento (queria ter comprado mais!). Vá antes que descubram a De Martino e ela fique cara e chatinha.

Sabores memoráveis do prato principal

Porém, como toda viagem tem lados bons, ela também tem seu lado ruim. Saímos da De Martino e seguimos para a Viña Undurraga. Vinícola famosa, produz o Oops, Aliwen e outros. Seguimos direto pois eu programei De Martino, Undurraga e Tarapacá no mesmo dia.

Chegando à Undurraga, meia hora antes do programado, pressenti que teríamos problemas: portões fechados. Estava ocorrendo um evento, e não nos deixaram entrar antes! Pior, havia turistas brasileiros que haviam agendado para aquele horário e não puderam entrar. Um casal chegou a sentar no chão para esperar. 

O nosso guia Oscar ganhou minha confiança nesse dia: brigou, queria nos pôr para dentro, mas não teve jeito. Demos uma carona ao casal e fomos para um supermercado próximo esperar a hora de entrar. Voltamos meia hora depois, entramos e esperamos mais meia hora para o tour começar. Aí eu entendi: havia um ônibus da CVC estacionado e provavelmente a Undurraga não quis nos atender para espera-los. Mas existe algo no mundo civilizado chamado reservas. E elas têm que ser respeitadas.

Entrada da Undurraga

Resumo: a Undurraga é um canteiro de obras, a sua loja interna é pobre, o tour dura 15 minutos por 300 metros da propriedade com um guia que não é enólogo e apenas faz piadas o tempo todo. Bem, o ônibus da CVC dá a tônica da história. 

A degustação é apenas razoável, mas os vinhos não são tão bons, tirando o Aliwen. Ainda bem que a minha câmera parou de funcionar e não tenho tantas fotos. E o pior: perdi o agendamento da Tarapacá!

Dica #4: Risque a Viña Undurraga da sua lista. Prefira outras. Até o meu guia falou que já não leva mais ninguém lá por vontade própria.

Minha segunda parte do dia só não foi perdida, pois meu guia me levou a uma Botillera incrível que não consigo lembrar o endereço, onde comprei EPU 2009 a 70 reais.


Dia 5 – Viña del Mar!

Não, Viña del Mar não é tudo isso. Mas minha mãe a Andrea queriam conhecer Viña del Mar e Valparaíso. E o Vale do Colchaga fica no caminho! Programei duas visitas: Veramonte (veramonte.cl) e Emiliana (www.emiliana.cl). Combinei escondido com meu guia que ele simplesmente devia para lá sem avisá-las. Que maravilha!

A Veramonte é a primeira do caminho. Muito bonita e repleta de lavanda cultivada ao longo da propriedade, é uma vinícola sensacional. Provei e comprei um vinho por módicos 40 reais, chamados Primus que é espetacular. Foi inclusive considerado o 95º melhor vinho do mundo de 2012 pela Wine Spectator (link). Ganhei a viagem sem saber.

Entrada da Veramonte




Entrada da Veramonte

Primus, um ótimo vinho

Mais um pouco de estrada e chegamos à Vinã Emiliana, de vinhos orgânicos. Considerada a melhor vinícola orgânica do mundo em 2012 pelo Green Awards 2012, ela é mais voltada para o lado natural dos vinhedos. Eles têm uma criação de Lhamas muito engraçada e é a vinícola mais alto astral em que eu já fui. Seus tours são incríveis e interessantes: há um que harmoniza chocolate com vinhos.

Adentrando na Emiliana

Minhas amigas, as Lhamas


Seus vinhos são ótimos: Gê e Coyam não perdem em nada para os melhores franceses. Degustei o Coyam, já que o meu guia falou tão bem dele. Espetacular. Só deles trouxemos três garrafas. A Andrea provou um gewurztraminer que parecia suco de pêssego com damasco. Mais algumas garrafinhas! Muito barato, bonito e interessante. Vá e seja feliz!

Dona Beth escolhendo uma garrafinha

Para o dia, talvez dê

Depois de bêbado às 10 e 30 da manhã, seguimos novamente à Vinã del Mar e Valparaíso.

Você provavelmente já viu uma foto assim de Vinã del Mar

Olhando a parte urbana de Valparaíso


Bem, esses dois roteiros são bem conhecidos e discutidos, não vou me alongar. A única recomendação que eu faço é o restaurante Delicias del Mar, que foi uma indicação do Oscar. Barato, tradicional e com uma ótima cozinha, ele lhe permite fazer como eu: degustar uma bela lasanha de lagosta, olhando para o pacífico e os leões marinhos que subiam nas pedras da orla. Dizem que o Leonardo di Caprio, quando no Chile, sempre aparece por lá (tem até um prato com seu nome).

Bom e barato (e uma lasanha de lagosta)


Dia 5 – Domingo é dia de neve

Confesso que fui cabeça dura com meu guia: bati o pé que não havia mais neve na última semana de Outubro. E pela lógica, não era para ter. Mas tinha. E levei uma bolada de neve na cabeça.
Realizei o sonho das meninas que era ver a neve. Cedinho, abastecemos a van de Oscar com um piquenique e fomos conhecer Valle Nevado e Farellones. 

A subida é muito legal, linda. Havia muita neve no Valle Nevado – a chamada neve da primavera. Foi muito legal vê-las brincando na neve e depois fazermos um rápido lanche gelando a cerveja na neve!
À caminho do Valle Nevado

Chegamos!

Bem, isso nos leva a Dica #5: Não coma nos restaurantes do Valle Nevado: É um roubo. Um simples café expresso me custou 30 reais! Um cara pediu um prato e até tocaram uns sinos: deve ter sido bem caro!

Uma zebra e a Andrea na neve

Lanchando e economizando

Farellone é um lugar muito bonito quando tem neve, mas sem neve, é um descampado quentíssimo. Não vale a pena mostrar as fotos de uma estação de esqui no meio da África Subsaariana.

Dia 6 – Volta final e subindo na mala

Guardamos o último dia completo em solo chileno para andar o que faltou de Santiago, largando o táxi e andando de metrô. Conhecemos a Universidade Católica do Chile, a rodoviária e quase conhecemos o museu Pablo Neruda (fechado!). Andamos o bairro Lastarria inteiro e ele é muito bonito. Vale a pena o passeio, explorar suas lojinhas e restaurantes árabes.

Entrada principal do Bairro Lastarria

Pátio do museu Pablo Neruda, fechado pra variar

Almoçamos o famoso menu ejecutivo em um restaurante bem pequeno: Lúcia Bistrô. Bem gostoso, com influência francesa e que faz um pisco sour com manjericão e limão que é muito bom.

Andrea no novo point: Patio Bellavista

Andamos o restante do diae voltamos para o hotel tentar achar um espacinho na mala para essas 30 coisinhaslindas aí embaixo:




Meus bebês